São Paulo, 30 de maio de 2022, por Psicóloga Fabíola Luciano – A Automutilação é um tema sério que gera muitas dúvidas.

Por isso, vale a pena abordá-lo aqui hoje. Portanto, saiba mais detalhes e como buscar um tratamento adequado.

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O que é Automutilação?

A Automutilação é uma prática que tem como principal característica a agressão e lesão ao próprio corpo, muitas vezes associada a transtornos psicológicos. E de forma consciente, sem que haja intenções suicidas.

A pessoa que se automutila agride o próprio corpo como forma de tentar minimizar seus conflitos internos. Também para aliviar um sofrimento, angústia, vazio, tristeza ou qualquer sentimento ruim.

Ou seja, é uma tentativa de lidar com emoções, pensamentos e situações desagradáveis ou que estão fora do controle.

O problema tende a aparecer na adolescência, entre os 12 e os 15 anos de idade. Todavia, também existem casos de crianças e pessoas adultas que se tem esse comportamento. A incidência é maior em mulheres, porém aparece em ambos os sexos.

A Automutilação passou a ser incluída no DSM 5 como Autolesão Não Suicida, portanto tornou-se um diagnóstico. Pode estar ligada também a outros Transtornos Psicológicos (Depressão, Borderline, Ansiedade).

O problema também pode ser desenvolvido devido a um histórico de abusos. Como também de traumas, bullying, problemas com a família, baixa autoestima, entre outras questões.

Por que Alguns Adolescentes se Mutilam?

Os adolescentes costumam se cortar para que, de alguma forma, sintam alívio após um momento de tensão, que leve a uma desregulação emocional.

É como uma válvula de escape para que sentimentos de raiva, frustração, medo, tristeza ou ansiedade sejam minimizados.

A agressão ao próprio corpo muitas vezes gera uma sensação alívio, ou até “prazer”. Então, pode fazer com que o jovem que se automutila repita o ato.

Ao se cortar ou ferir, o adolescente não tem a intenção consciente de se suicidar. Logo, a intenção é apenas a de diminuir sentimentos difíceis.

Desse modo, ela pode estar ligada a quadros de Ansiedade, Depressão ou Borderline. Também pode ter causas relacionadas ao ambiente social em que esteja inserido.

Logo, ambiente familiar, escolar, relacionamentos interpessoais tem peso importante. Além de aspectos individuais como a dificuldade em encontrar recursos mais hábeis para lidar com suas próprias emoções.

Saiba Mais sobre Desregulação Emocional

Automutilação Sintomas

  • Marcas e cicatrizes pelo corpo
  • Vergonha de mostrar partes do corpo
  • Baixa autoestima
  • Isolamento
  • Perda do prazer nas atividades diárias
  • Pouca Habilidade para Gerenciar Emoções
  • Necessidade de aliviar as Emoções
Automutilação sintomas - Psicóloga Fabíola Luciano

Automutilação Foto: Pexels

Quais Características de um Adolescente que se Mutila?

Normalmente o adolescente que se mutila tem vergonha de sua condição. Por isso, tende a esconder o problema. Então, usa roupas longas (mesmo no calor) e acessórios que cubram os ferimentos. Ou também se isolando do convívio social.

Assim sendo, tende a ter uma baixa autoestima. Além disso, pode sentir medo de ser rejeitado, muitas vezes fazendo com que ele seja fechado.

Ademais, tenha dificuldades de falar sobre si mesmo e principalmente sobre o problema.

Ele também evita realizar atividades em que precise mostrar o corpo, como nadar, ir para a praia, etc.

É importante também identificar mudanças no padrão de comportamento, um adolescente extrovertido que passa a se isolar, mudanças de humor também deve ser observadas. Pais devem estar atentos à rede de relacionamentos do jovem, quando um adolescente no grupo se auto mutila pode haver uma tendência de que outros venham a tentar engajar com o comportamento autolesivo.

Causas da Automutilação na Adolescência

A automutilação pode acontecer por inúmeros fatores. Muitas vezes, o problema começa devido a algum trauma vivido na infância ou adolescência, como abuso sexual, bullying ou cyberbullying..

A baixa autoestima, a sensação de que não se encaixa em nenhum grupo. Ademais, o sentimento de frustração também podem acarretar contribuir.

Vale lembrar que a automutilação é utilizada como forma de tentar minimizar emoções dolorosas. Logo, jovens que estejam inseridos em ambiente familiar ou social permeado por muitas brigas, negligência ou abusos tem maior propensão à se automutilar.

O comportamento também pode estar associado à ansiedade, depressão, transtornos de personalidade. E outros problemas relacionados à saúde mental.

Formas de Automutilação na Adolescência

O indivíduo que sofre com a Automutilação costuma machucar o próprio corpo de diversas formas. Então, seja por meio de cortes, mordidas, arranhões, auto espancamento. Enfim, queimaduras, beliscões ou quaisquer outras lesões.

Para isso, os adolescentes recorrem a qualquer tipo de objeto capaz de causar ferimentos. Eis que são tesouras, lâminas, isqueiros, cigarro, facas, agulhas, etc.

Algumas vezes, os cortes e lesões são feitos em áreas do corpo mais escondidas, como barriga e pernas. Porém, é também muito comum a mutilação nos braços.

Normalmente, o jovem que lesiona essa região do corpo costuma usar roupas com mangas compridas. E cuja finalidade é que ninguém note os machucados.

Alguns pacientes tem um ritual planejado para se machucar, outros, agem na hora da emoção mais intensa de forma impulsiva.

Automutilação na Adolescência Tratamentos

O tratamento psicológico é feito por um profissional especializado que tenha manejo com Automutilação. Se necessário serão envolvidos outros profissionais da área da saúde mental como o Psiquiatra, que pode prescrever alguns medicamentos de acordo com a necessidade.

Tratamentos Automutilação na Adolescência - Psicóloga Fabíola Luciano

Automutilação Foto: Pexels

Com o tratamento psicológico, o paciente que sofre com a Automutilação vai, através da psicoterapia. E a terapia-cognitivo comportamental, descobrir novas formas de enfrentar as frustrações.

Também a raiva, a insegurança ou quaisquer problemas que o levam a se machucar.

Para tanto, no caso do tratamento medicamentoso feito por um psiquiatra, são prescritos remédios. E para eliminar os sintomas que estão causando sofrimento no indivíduo.

Geralmente isso é feito com medicamentos antidepressivos. Com isso, inibem o comportamento impulsivo. Porém, tudo depende de cada caso e de cada paciente.

O papel da Família no Tratamento

É fundamental que os familiares de um adolescente que enfrenta isso o apoiem. Para tanto, é premissa básica compreender que o problema não está relacionado ao fato de querer atenção e sim a um problema emocional relevante.

Por ser um diagnóstico que acomete adolescentes na maioria dos casos, o papel dos pais, responsáveis e professores é de extrema importância.

Por isso, é preciso que se tenha uma atitude aberta e acolhedora com a pessoa acometida pelo transtorno. Portanto, sem que existam julgamentos e reações exacerbadas ao ter conhecimento da Automutilação. Procure conversar com a pessoa de forma empática, escute e procure buscar o entendimento do que acontece no mundo interno deste jovem para que ele se machuque.

Logo, para que o jovem se sinta seguro a falar sobre o problema. Ademais, é imprescindível buscar Tratamento especializado. Um Psicólogo especializado em Tratamento para Automutilação, bem como um Psiquiatra que tenha manejo adequado.

Como é possível ajudar?

Pais, professores e aqueles que convivem com o adolescente podem ajudar na busca de ajuda e tratamento. O apoio e amparo da família é fundamental.

Então, isso faz com que o jovem adquira confiança para falar sobre o problema. E, voluntariamente, vá atrás da ajuda de um psicólogo e um psiquiatra após incentivos.

Para isso, você precisa conversar com essa pessoa sem fazer pressão ou julgamentos.

Na escola, é importante que os professores observem o comportamento do aluno. E, caso haja desconfiança, avisem os pais.

Palestras sobre o tema nas escolas também podem ajudar os jovens a se informarem. Logo, a não se sentirem sozinhos. Enfim, a conhecerem possibilidades para tratar o problema.

Redes Sociais e Automutilação

Com os adolescentes usando cada vez mais a internet para se comunicarem, muitos encontram grupos em redes sociais. E que, por vezes, os estimulam a se Automutilar.

Os jovens chegam a esses grupos pois se envergonham de contar sobre o transtorno para alguém de confiança.

E, muitas vezes, quando contam não são levados a sério. Devido a isso, essas pessoas procuram grupos no Whatsapp, Facebook, entre outras redes. Pois se sentem seguras e compreendidas ao se abrirem para jovens com o mesmo problema.

Existem também casos de pessoas que nunca se automutilaram. Mas, ao se depararem com relatos de adolescentes que se cortaram e sentiram alívio, acabam copiando a atitude de machucar o próprio corpo.

Com isso, assumindo um perigoso comportamento de grupo. Por outro lado, também existem nas redes sociais muitas comunidades. Por fim, elas se propõem a ajudar os adolescentes que passam por isso.

Conheça a Psicóloga Fabíola

Psicóloga Fabíola Luciano – CRP 104468
Especialista pela Universidade de São Paulo – USP.

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