São Paulo, 25 de julho de 2022, por Psicóloga Fabíola Luciano – A Obesidade Infantil é um dos temas mais discutidos recentemente devido a sua gravidade. Assim sendo, conheça suas causas e tratamento adequado.

O que é considerado Obesidade Infantil?

Obesidade Infantil é o acúmulo excessivo de gordura no organismo de crianças e adolescentes. Logo, uma criança é considerada obesa quando possui 20% a mais do peso ideal para a sua idade.

Para tanto, o cálculo para obter o diagnóstico é feito através da avaliação do IMC (Índice de Massa Corporal), fazendo a divisão do peso (massa) pela altura ao quadrado do indivíduo.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), uma a cada três crianças de 5 a 9 anos está acima do peso recomendado pela própria organização. Então, é considerada uma doença epidemiológica que atinge milhões de pessoas que vivem principalmente em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Por isso, é tratada como questão de saúde pública. Só no Brasil, 33% das crianças brasileiras entre 5 a 9 anos estão acima do peso ideal para a idade, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Sua causa pode ser devido a fatores genéticos, fisiológicos, hormonais, psicológicos, ambientais ou culturais. Além disso, o estilo de vida atual de crianças e adolescentes tende a ser sedentário, já que, com inúmeras tecnologias, os pequenos ficam horas sentados na frente de tevês.

Ademais, computadores, tablets, celulares, deixando de realizar atividades físicas diárias e abrindo as portas para o problema. Também o apelo midiático e as propagandas de alimentos ultraprocessadas e hipercalóricos voltadas para o público infantil. E, assim, acabam ajudando para que sejam criados hábitos que contribuem para o aumento da obesidade.

Da perspectiva da psicologia especificamente, inúmeros problemas emocionais, comportamentais e de socialização estão associados a indivíduos com a doença.

Além da questão estética, a Obesidade Infantil pode gerar implicações na saúde física e mental de uma criança. E sendo um fator de risco para doenças como diabetes, pressão alta, problemas cardíacos, ansiedade, depressão, entre outros.

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Por isso, a preocupação dos pais e responsáveis com quais alimentos compõem as refeições dos pequenos deve existir desde cedo. E o tratamento da Obesidade Infantil é feito de maneira multidisciplinar e geralmente conta com o acompanhamento de um pediatra, um endocrinologista ou nutricionista e um psicólogo.

Causas da Obesidade Infantil

A Obesidade Infantil é uma doença multifatorial. E sendo que um fator importante para o desenvolvimento da doença está ligados aos maus hábitos alimentares da família.

Logo, tais hábitos irregulares acabam sendo transmitidos para os filhos, fazendo com que eles ganhem peso de forma descontrolada. E através de uma ingestão alimentar inadequada ainda nos primeiros anos de vida.

Além dos costumes alimentares dos adultos que convivem com as crianças, outros fatores podem interferir na questão da Obesidade Infantil. Então, problemas hormonais, relação familiar instável, causas genéticas, curto período de amamentação. Ademais, questões psicológicas, fatores ambientais e biológicos.

Outro grande vilão que pode desencadear na doença é o sedentarismo, já que atualmente muitas crianças dedicam o tempo livre para jogar videogame ou assistir televisão. Isso faz com que os níveis de atividade física diminuam, se tornando quase inexistentes. Com isso, agravando ainda mais o problema.

Além disso, está a influência negativa da mídia, que veicula propagandas excessivas de fast foods e alimentos e bebidas com alto teor de sódio, açúcares e gorduras.

Vale lembrar que nenhum fator isoladamente é determinante, sempre é importante investigar no conjunto e atuar sobre ele.

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Psicóloga Especialista USP - Causas e Tratamento para Obesidade Infantil

Obesidade Infantil – Causas e Tratamento Foto: Freepik

Fatores de Risco da Obesidade Infantil

Os fatores de risco da Obesidade Infantil podem estar presentes de forma individual ou em conjunto. Sendo assim, a predisposição genética por si só já pode ser considerada um fator de risco, porém, o problema só aparece e evolui se o ambiente permitir.

E isso depende principalmente da influência dos pais e responsáveis, que devem oferecer para os filhos opções de alimentação saudável, deixando de lado as comidas processadas, com alto teor de sódio e açúcar.

A doença pode se iniciar já na fase do aleitamento materno e, até mesmo antes da criança nascer, já é possível saber se existe o risco existir problemas relacionados à obesidade. Mães que ganham muito peso durante a gestação, por exemplo, têm 80% mais de chances de ter filhos com sobrepeso.

Outros fatores que podem desencadear a doença, além da questão genética e da introdução inadequada de alimentos, são: desmame precoce, problemas na relação familiar, sedentarismo e transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão (que podem ser tanto a causa como uma das consequências do problema).

Possíveis Complicações da Obesidade Infantil

A Obesidade Infantil pode gerar inúmeras disfunções na saúde física e psicológica das crianças. Por isso, é importante que pais e responsáveis se preocupem desde cedo com quais alimentos irão compor as suas refeições diárias.

Até porque a obesidade pode ser a causadora de diversas doenças e distúrbios. E dentre os quais estão a apneia, aumento nos níveis de colesterol e triglicerídeos, problemas cardíacos.

Também problemas respiratórios, desvios de coluna, risco de diabetes, pressão alta. Ademais, gordura no fígado, lesões nas articulações, estrias, pés chatos, distúrbio de sono, entre outros.

Além das questões físicas, crianças que sofrem com a Obesidade Infantil também podem desenvolver transtornos psicológicos. Logo, citemos: baixa autoestima, ansiedade, isolamento social e depressão.

Nessa fase, quem tem o problema também pode sofrer bullying por estar acima do peso. Com isso, gera estresse, tristeza e uma queda da autoestima já abalada.

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Estatísticas Obesidade Infantil no Brasil

Os dados sobre a Obesidade Infantil no Brasil são alarmantes. E, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), se faz essencial a criação de políticas públicas para combater o problema no país.

Sendo assim, a Organização estima que em 2024, em todo o mundo, existirão mais crianças obesas do que abaixo do peso. O Brasil ocupa a preocupante 5ª posição no ranking de países com mais pessoas obesas.

E o número de crianças que sofrem com essa condição aumenta de forma expressiva, sendo que hoje, uma em cada três crianças apresenta sobrepeso. Segundo dados do Ministério da Saúde, 33% das crianças brasileiras entre 5 a 9 anos estão acima do peso ideal para a idade.

Por mais que tais dados não indiquem a Obesidade, e sim a indicação do peso acima do recomendado pela OMS, já é um sinal de alerta. E isso não faz com que o número de crianças obesas no país deixe de ser preocupante.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 15% das crianças com idade entre 5 e 9 anos têm obesidade. Nas últimas quatro décadas, o índice da doença entre meninos foi de 0,93% para 12,7%. Já o índice das meninas passou de 1,01% em 1975 para 9,37% em 2016.

Por isso as atitudes através de políticas públicas devem ser tomadas para uma mudança de hábito. Segundo a Organização Mundial de Saúde e a Federação Mundial de Obesidade, caso nada seja feito para reverter o problema, em menos de uma década a doença pode atingir 11,3 milhões de crianças em todo o país.

Além disso, existe o risco de o excesso de peso na infância afetar no futuro. Então, crianças que chegam até os 6 anos com sobrepeso têm 50% de chances de se tornarem obesas na vida adulta.

Dentre as atitudes e medidas que podem ser tomadas estão a educação alimentar, o acompanhamento psicológico e o incentivo à prática de exercícios físicos. Já que, segundo estudos, 80% dos jovens não atingem os níveis recomendados de atividades.

Além disso, a alimentação também precisa mudar. Uma pesquisa de orçamentos familiares realizada pelo IBGE mostrou que frutas e sucos naturais são apenas 2% dos produtos consumidos por brasileiros nas suas casas.

Logo, as verduras e legumes são só 0,8% do que é comprado. Ainda assim, os alimentos calóricos como bolachas, pão, arroz e macarrão são responsáveis por 35% das calorias consumidas no país. Enfim, os principais vilões açucarados, refrigerantes e doces, somam 13%, acima até mesmo das carnes, com 12,6%.

Obesidade Infantil – Causas e Tratamento Foto: Freepik

Obesidade Infantil – Causas e Tratamento Foto: Freepik

Como o Cotidiano das Famílias Favorece o Aumento da Obesidade Infantil?

O cotidiano das famílias tem influência direta no aumento da Obesidade Infantil. Assim sendo, a forma como os pais comem influencia na alimentação da criança, já que a base e estímulo para comer de maneira saudável vem deles.

Muitas vezes, pela falta de tempo, muitos pais acabam comprando alimentos industrializados e ultra processados, que possuem grande quantidade de açúcar e sódio. Logo, fazendo com que os filhos troquem comidas saudáveis por uma alimentação extremamente calórica e pouco nutritiva.

Também é comum os pais oferecerem quantidades excessivas de alimentos aos filhos – que geralmente escolhem refeições gordurosas – como estratégia de compensação à uma possível falta de carinho ou atenção, por exemplo. Com isso, a criança crie um mau hábito alimentar, aumentando as chances de desenvolver a doença.

Por isso, a mudança de hábitos deve ser coletiva. Então, é tarefa dos pais dar aos filhos uma boa educação alimentar.

E inserindo na refeição das crianças alimentos saudáveis e nutritivos, como frutas, verduras, legumes e vegetais. Além disso, a família deve incentivar os pequenos a saírem do sedentarismo participando de atividades físicas e brincadeiras.

Como é Feito o Diagnóstico da Obesidade Infantil?

Existem diversas formas de avaliar se uma criança está acima do peso. Assim sendo, o método mais simples aplicado para diagnosticar a Obesidade Infantil é o IMC (Índice de Massa Corporal).

Para tanto, reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a avaliação calcula se uma pessoa está com sobrepeso dividindo o peso (massa) pela sua altura ao quadrado. E isso geralmente é feio por um pediatra, um endocrinologista ou um nutricionista.

Dessa maneira, para obter um diagnóstico mais preciso, entretanto, são considerados também outros aspectos como histórico familiar, hábitos alimentares da criança e dos pais. Ademais, frequência de atividade física do paciente, condições de saúde, fatores sociais, ambientais e psicológicos.

Além disso, o perímetro abdominal também pode ser medido. E, caso seja necessário, o pediatra pode solicitar exames para saber os níveis de glicose, o colesterol total e a dosagem hormonal.

Portanto, quanto antes o diagnóstico é feito, mais cedo é possível agir para minimizar o aumento da Obesidade Infantil. Enfim, consequentemente, prevenir futuras complicações que o excesso de peso pode trazer.

Como Prevenir?

A Obesidade Infantil pode ser prevenida e tratada com alguns passos importantes. Desse modo, os cuidados com a alimentação devem começar antes mesmo do nascimento da criança.

E isso é possível através de um pré-natal adequado. Após o nascimento, é essencial avaliar com o pediatra a melhor opção de acordo com as possibilidades de fazer o aleitamento ou introdução alimentar.

Para tanto, o controle do uso de internet, TV e videogames também é importante para a prevenção da Obesidade Infantil. Logo, se trata de uma atividade de lazer sedentária e que toma quase todo o tempo dos pequenos.

Então, o ideal é incentivar brincadeiras, atividades e exercícios recreativos para fazer com que as crianças se movimentem através de uma distração sadia.

A atenção com o tipo de alimentação consumida é fundamental para a prevenir a obesidade. E a prevenção focada na comida começa na infância. A criança, desde cedo, toma como exemplo os hábitos alimentares dos adultos.

Por isso, os pais devem comer alimentos nutritivos e ensinar os filhos a montarem um prato equilibrado. Portanto, é aconselhado que os pais ofereçam opções saudáveis. Tais como, alimentos ricos em proteínas, legumes, verduras, grãos e frutas, tudo de acordo com cada fase de crescimento da criança.

Também cabe aos pais e responsáveis observar o ambiente alimentar no qual os pequenos estão inseridos para saber quais atitudes tomar.

A Obesidade Infantil também pode ser potencializada por transtornos emocionais. E, nesses casos, recomenda-se a procura de um acompanhamento psicológico para evitar que o problema apareça ou se agrave.

Transtornos que Podem Potencializar o Problema

Alguns transtornos psicológicos podem ser responsáveis por gerar maus hábitos alimentares e, consequentemente, favorecem no desenvolvimento da Obesidade Infantil. Logo, isso significa que o ganho de peso acima do normal pode estar relacionado a um desequilíbrio emocional.

Muitas vezes, uma criança pode se sentir rejeitada, diferente e insegura com relação à sua autoimagem, podendo desenvolver um padrão de alimentação irregular e, em muitos casos, compulsivo. Portanto, esse tipo de pensamento geralmente está ligado a transtornos como a ansiedade ou a depressão.

Esses problemas de cunho psicológico geram diversos tipos de emoções como tédio, tristeza, raiva e falta de vitalidade. E isso, muitas vezes, tem influência na quantidade de alimentos ingeridos.

No caso de crianças diagnosticadas com transtorno de ansiedade ou depressão, por exemplo, a ingestão de alimentos pouco nutritivos pode ser uma forma de preencher o vazio emocional. E de lidar com as emoções negativas, aliviando a ansiedade e a o sentimento de tristeza constante através da comida.

O que pode potencializar ainda mais a Obesidade Infantil caso a criança tenha algum desses transtornos é o fato de a pessoa acometida pelo problema se sentir desmotivada e sem energia, o que faz com que ela não se interesse por atividades físicas, contribuindo para o desequilíbrio entre ingestão alimentar e gasto calórico.

Outro problema que pode potencializar a Obesidade Infantil é a compulsão alimentar. Nesses casos, a pessoa come de maneira excessiva e descontrolada num curto espaço de tempo, mesmo quando não está com fome, ganhando peso rapidamente.

No caso de crianças já diagnosticadas com obesidade, os transtornos podem também ser desenvolvidos após o diagnóstico (por conta de problemas com a autoestima e bullying). Por isso, em muitos casos, a Obesidade Infantil e os transtornos psicológicos permanecem atrelados. Logo, se tornando um ciclo já que a obesidade aumenta a incidência de transtornos psicológicos e tais transtornos favorecem o desenvolvimento da obesidade.

Obesidade Infantil – Causas e Tratamento Psicóloga Fabíola Luciano - Especialista USP

Obesidade Infantil – Causas e Tratamento Foto: Freepik

Tratamentos Para Obesidade Infantil

Os tratamentos realizados para acabar com a Obesidade Infantil, no geral, envolvem uma mudança na conduta e no estilo de vida. Por isso, são multidisciplinares.

Isso significa que é necessário mais de um profissional para considerar os aspectos ambientais, socioculturais e psicológicos. Com isso, ajudar na alteração dos hábitos alimentares e físicos da criança.

Portanto, após o diagnóstico, o pediatra, juntamente com um nutricionista e um psicólogo, indicarão o melhor tratamento de acordo com o perfil do paciente e o grau da doença. Como se trata de crianças, os medicamentos não costumam ser indicados (a não ser que já existam doenças secundárias), bem como cirurgias, que só devem ser feitas em casos excepcionais.

É importante salientar que tais tratamentos nunca são feitos de forma individual. É preciso que a família esteja presente e ciente do problema. Portanto, a primeira atitude a ser tomada é a promoção de uma reestruturação da vida familiar da criança obesa através de mudanças de hábitos.

  • Tratamento Nutricional:

    Com o apoio de um nutricionista, a alimentação não só da criança, mas da família inteira é modificada. O profissional ajudará os pais e filhos a substituírem possíveis maus hábitos alimentares por hábitos saudáveis e nutritivos.

Além disso, é feita uma reeducação alimentar com dietas diferenciadas, que são implantadas gradualmente. Portanto, essa reeducação, base do tratamento, é um processo que compreende toda a família.

  • Atividades Físicas:

    Para conseguir emagrecer, a criança deve ter um consumo alimentar menor do que o gasto de calorias durante o dia. Por isso, além do tratamento nutricional, é necessário incentivar a prática de atividades físicas.

Para tanto, os exercícios devem ser feitos todos os dias, de uma maneira divertida e prazerosa para atrair os pequenos. Por fim, essas atividades podem ser esportivas ou simples brincadeiras que exigem movimentos, tudo vai depender de onde e como a criança se sente mais à vontade.

  • Tratamento Psicológico:

    A obesidade infantil não só pode causar transtornos psicológicos como também pode ser a consequência de tais problemas. Por isso, é essencial um acompanhamento de um psicólogo durante toda a fase de tratamento.

Então, o profissional irá lidar com possíveis transtornos desenvolvidos pela criança.

Também imagem corporal ou quaisquer desconfortos que afetem seu emocional e seu meio social. Por fim, o trabalho terapêutico, nesse caso, é feito com a criança e os pais, que são os responsáveis pela alimentação do pequeno e estão presentes no seu dia a dia. O objetivo é aprender a desenvolver uma nova relação com o ato de se alimentar.

Além disso, a terapia faz com que a criança consiga ter uma percepção mais positiva do seu corpo e de si mesma.

Conheça a Psicóloga Fabíola Luciano

Psicóloga Fabíola Luciano – CRP 104468
Especialista pela Universidade de São Paulo – USP

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