Perda gestacional – O que é, tipos e dicas para superar

Perda gestacional – O que é, tipos e dicas para superar Foto: Freepik
Perda gestacional – O que é, tipos e dicas para superar Foto: Freepik

A tristeza, o luto pela perda de um bebê causam uma enorme dor no coração. Certamente, ninguém está preparado para esse momento tão difícil, por isso, é importante tomar tempo para se recompor.

Ainda mais no caso da perda gestacional, que traz consigo a perda de todos os sonhos, planos e amor que já estavam vivos dentro do nosso coração e de muitos que compartilharam essa gestação.

Posto isso, hoje falaremos muito cuidado de toda complexidade emocional desta dura vivência. Então, se você é mãe e passa por uma perda gestacional, sinta-se desde aqui abraçada.

O que é Perda Gestacional?

É a morte de um bebê não nascido a qualquer momento durante a gravidez.

Quais os tipos de Perda Gestacional?

Os tipos de perda gestacional são:

  • Aborto Espontâneo: Geralmente corre até a 20ª semana de gestação.
  • Gravidez Anembrionada: O embrião não se desenvolve, mas a placenta e o saco gestacional continuam.
  • Gravidez Ectópica: O embrião se implanta fora do útero, geralmente nas trompas de falópio.
  • Morte Fetal: A perda ocorre após a 20ª semana.
  • Gravidez Molar: Crescimento anormal da placenta, sem desenvolvimento adequado do feto.

O luto na Perda Gestacional

O luto é uma resposta emocional profunda e esperada na interrupção abrupta de uma gravidez.

A perda desse vínculo gera uma dor intensa, e muitas vezes a inconformidade: “Como isso foi acontecer comigo?”. Então, a dificuldade em processar essa ruptura está ligada à profundidade do vínculo emocional que já havia se formado com o bebê esperado.

Nesse sentido, cada mulher reage de forma diferente à perda gestacional e cada uma terá seu próprio tempo de luto. Por essa razão, é natural sentir uma ampla gama de emoções, tais como raiva, tristeza, vazio, culpa, medo, desesperança, entre outras.

Como o luto por uma perda gestacional se diferencia de outras formas de luto?

O luto por uma perda gestacional tem caráter único pela própria natureza do acontecimento. De fato, é um bebezinho que já tinha todo amor e vida. E ao mesmo tempo, as pessoas não tiveram a experiência de conhecer e conviver.

Então, isso pode gerar uma falta de reconhecimento social pelo luto, levando a uma dor mais intensa e solitária para a mãe.

Posto isso, família e entorno, que se preocupa com a mãe e enxerga por uma outra perspectiva, pode iniciar tentativas precipitadas para a mulher reencontrar a mesma alegria de viver. Por fim, pode aumentar o isolamento e invalidar os sentimentos maternos.

Qual impacto emocional de uma Perda Gestacional?

É possível surgir Ansiedade e medo nas futuras gestações, sentimento de culpa e autoquestionamento sobre o que poderia ter feito para evitar a perda gestacional. Também a sensação de que os outros não compreendem a sua dor e, assim, levar ao isolamento.

Além disso, dificuldade em processar a experiência, já que é uma dor profunda levando, em alguns casos, a um luto prolongado, ou sentimentos muito intensificados de desânimo, irritabilidade e dificuldade de conectar com a vida novamente.

É normal sentir culpa, medo ou raiva após uma perda gestacional?

Sim, esses sentimentos são respostas emocionais naturais à dor e tristeza envolvida na perda. Desse modo, fazem parte do processo de luto na perda gestacional e embora sejam muito dolorosos lidar com eles é um caminho necessário para a elaboração.

Então, o medo pode estar relacionado à saúde, às próximas gerações, às expectativas e receio de não as realizar. Também ao futuro ou mesmo o medo de não ser capaz de seguir e tolerar a dor emocional.

Ademais, a culpa pode surgir como uma sensação de algo poderia ter sido feito de forma diferente, alterando a forma como as coisas aconteceram, mesmo quando isso não reflita a verdade.

A Raiva pode estar relacionada à própria perda, a injustiça de ter que passar por uma experiência tão dolorosa.

Cada uma dessas emoções pode vir de muitas formas diferentes e em contextos diferentes, e todas elas serão válidas.

Por isso, é importante que a mulher esteja amparada emocionalmente em um acompanhamento terapêutico, para conseguir organizar toda essa enxurrada de emoções.

Como lidar com a ausência do bebê esperado?

Este será um processo delicado e pessoal, que exige tempo e acolhimento emocional. Então, é importante se permitir vivenciar o luto, reconhecendo e expressando as emoções sem pressa para “superar” a dor.

perda gestacional 1 - Psicóloga Fabíola Luciano
Lidar com a Perda Gestacional – Foto: Freepik

E para algumas pessoas rituais simbólicos, como escrever uma carta, também podem oferecer uma forma de honrar a perda e manter viva a memória do bebê.

Logo, vejamos alguns caminhos, mas sempre respeite o seu:

  • Reserve um tempo para processar a perda
  • Seja gentil consigo mesma, autocompaixão será sua melhor amiga
  • Reconheça a maneira como seu parceiro vivencia o luto
  • Compartilhe sua perda com pessoas da sua confiança
  • Acolha todas as suas emoções, até as mais difíceis que sentir
  • Não alimente uma urgência para superar logo, isso pode tornar ainda mais pesado e, ao contrário do esperado, tardar seu processo.

Como a perda gestacional pode influenciar a visão sobre futuras gestações?

Tanto é possível experimentar mais medo e ansiedade dada a experiência passada, como também gerar mais esperança e expectativa sobre uma nova gestação, por isso, há ainda mais necessidade de obter suporte emocional.

Como lidar com a dor de ver outras mulheres grávidas ou bebês após a perda?

Pode ser realmente bem difícil por um tempo! E a melhor maneira de lidar com isso é naturalizar os sentimentos de raiva, irritação, inveja ou tristeza durante esse período.

Além disso, lembre que eles são uma reação natural (embora difícil de experimentar) ao que aconteceu. Ademais, é fundamental não se culpar pelos sentimentos experimentados e reconhecer que eles são parte do processo.

Então, se precisar de um tempo antes de frequentar lugares ou situações que sejam potenciais gatilhos emocionais por um tempo, pode ser benéfico, se você julgar necessário.

Quais práticas ou rituais podem ajudar a lidar com o luto gestacional?

Cada pessoa pode vivenciar isso de uma maneira, e algumas podem não precisar ou querer realizar nenhum tipo de ritual. Pois bem, para as que quiserem, elas podem entrar em contato com sua necessidade interior para consultar o que seria mais indicado.

Por exemplo, uma carta de despedida descrevendo seus sentimentos, um momento de oração, algum outro ritual de despedida, seja ele mais lúdico com desenhos, arte ou mais concreto pode ser bem vindo, desde que tenha conexão com as crenças de quem o faz.

Qual impacto da perda gestacional na Saúde Mental da mulher?

A interrupção da gravidez pode abalar de forma significativa, tanto o corpo quanto a mente de uma mulher.

Inevitavelmente haverá um giro emocional inesperado que coloca tudo em perspectiva. Além de passar a experimentar sentimentos muito intensos, é possível haver uma reavaliação de valores e prioridades.

E ainda, de acordo com a literatura, pode haver incidência de surgimento ou agravamento de transtornos como: Ansiedade, Depressão, Transtorno de Estresse Pós Traumático.

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Perda Gestacional Foto: Freepik

Impactos na Relação com Parceiros e Familiares

  • Desconexão emocional
  • Mudança na intimidade do casal – tanto pode aproximar mais, como experienciar distanciamento.
  • Sensação de incompreensão – cada uma lida com o luto de uma forma diferente, pode ser difícil reconhecer a forma do outro expressar e viver a dor.
  • Falta de comunicação, interpretações errôneas de ações ou palavras, levando a discussões e conflitos.

O luto, além de ter uma dimensão individual, afeta diretamente os relacionamentos e todas as esferas da vida da pessoa.

Nesse sentido, o acompanhamento terapêutico será fundamental, ajudando a reestabelecer o equilíbrio interno e também criar pontes para os reencontros necessários nas relações afetivas.

Qual a importância do Apoio Emocional?

O apoio emocional ajuda a reconhecer e validar as emoções nesse período, já que elas estarão muito presentes. A dor do luto é uma ferida emocional, portanto esse é um tipo de apoio indispensável para atravessar essa vivência sem maiores complicações.

Além disso, construir uma rede de apoio (Com família, amigos e terapeuta) proporciona um espaço seguro para compartilhar abertamente as experiências mais íntimas e os sentimentos, de forma que a expressão das dores emocionais ajude em sua cicatrização.

Também o apoio emocional fortalece a comunicação, a empatia, facilita a expressão desse luto, ajuda na aceitação da perda e na construção de um novo sentido.

Por fim, vale ressaltar que o apoio mais essencial precisa vir de alguém que possa oferecer uma escuta sem estar ansioso para fazer a dor passar logo, porque isso faz com que a mãe deixe de compartilhar o que sente.

5 Dicas para superar a perda gestacional

Estas 5 dicas podem ajudar você a superar a perda gestacional:

  1. Reconheça e aceite seus sentimentos
  2. Não tente negar ou minimizar seu sofrimento
  3. Respeite seu tempo
  4. Seja gentil consigo durante seu processo de luto
  5. Encontre apoio para atravessar essa dor – (Seja na família ou em profissional especializado)

Quais são as principais formas de apoio emocional durante a perda gestacional?

A família, parceiro, e amigos podem ser fundamentais nesse período de dor. Principalmente, aqueles com quem tem intimidade para falar livremente sobre as emoções sem julgamentos e intimidações.

Além disso, um profissional de saúde mental como psicólogo especializado no tratamento da perda gestacional, pode ser crucial no reestabelecimento do sentido da vida.

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Terapia na Perda Gestacional – Foto: Freepik

Benefícios da Terapia na Perda Gestacional:

A terapia é um espaço seguro e importante ao vivenciar uma perda gestacional. Os benefícios da terapia incluem:

  • Proporciona um senso de significado e propósito
  • Acolhimento do Luto
  • Entender sobre o que é esperado durante o luto e perda
  • Reconhecimento, Compreensão e Validação dos Sentimentos
  • Diminuir sentimento de culpa, medo, raiva ou outros sentimentos dolorosos
  • Estratégias e habilidades de enfrentamento
  • Melhorar comunicação no relacionamento e família
  • Aprender a gerenciar Crises ou Ansiedade
  • Suporte para novas tentativas de Gestações – promovendo uma perspectiva mais compassiva e realista sobre a perda
  • Prevenir surgimento de quadros depressivos ou ansiosos
  • Elaboração da Dor ou Trauma para encontrar uma nova forma de existir sem pesar.

Posto isso, se você for mãe e passa pela dor de uma perda gestacional, eu realmente desejo que você não enfrente esse sofrimento sozinha.

Assim sendo, a intensidade da dor envolvida é inquestionável, mas acredite, com tempo e devido cuidado, é possível ressignificar essas emoções e encontrar a leveza de sorrir novamente, de dentro para fora.

Agende sua consulta.

Psicóloga Fabíola Luciano – CRP 104468

Especialista pela Universidade de São Paulo – USP

Conheça a Psicóloga Fabíola Luciano

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